sexta-feira, 4 de julho de 2008

CYBERCULTURA – As tecnologias têm um impacto?


CYBERCULTURA – As tecnologias tem um impacto?


A metáfora do impacto é inadequada.


A tecnologia é comparada a um projétil e a cultura ou sociedade a um alvo. Há várias críticas a esta metáfora bélica.
As técnicas são comparadas a máquinas, frias, sem emoção, mas não se leva em consideração que são criadas pelo próprio homem. Homem este, que cria a escrita, o telefone, o texto, o cinema, a cultura em geral, ou seja, o homem está em um mundo técnico.
As atividades humanas abrangem, pessoas vivas e pensantes, matéria artificial e natural, idéias e representações, ou seja, não há como separar as técnicas do homem, da cultura, já que é ele quem as criam. Enfim, mesmo supondo a existência de três entidades, técnica, cultura e sociedade, poderíamos pensar que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura, não havendo nenhuma causa independente entre estes laços. As verdadeiras relações são criadas por homens que inventam, produzem e interpretam de formas diferentes as técnicas.

A Técnica ou as Técnicas?


As técnicas tem projetos próprios, sociais e culturais, determinando as relações de força diferentes entre seres humanos. Como exemplo temos as máquinas a vapor no séc. XIX que escravizaram os homens, enquanto os computadores agilizaram na déc de 80a comunicação entre os indivíduos.
Apresenta as técnicas de diferentes formas, centralizadas e ou piramidais, com normas estritas ou mais distribuídas nas relações de poder. No caso do digital, há uma grande multiplicidade das significações e projetos que envolvem as técnicas.
A Cibercultura é questão de supremacia militar, competição econômicas entre firmas da eletrônica e de softwares, entre os conjuntos geopolíticos, mas também procura aumentar a autonomia dos indivíduos. Idealiza cientistas, artistas, ativistas da rede que desejam melhorar a colaboração entre as pessoas.
Existem grandes diferenças entre os computadores dos anos 50, grandes e caros e os dos anos 80 que podem comprados e manuseados por pessoas sem qualquer formação científica. As implicações científicas, culturais, econômicas são muito diferentes. A interconexão mundial de computadores (extensão do ciberespaço) continua acelerado, com o digital no início de sua trajetória.
Há grande disputa no desenvolvimento de softwares inteligentes, ou Botsuano, transformando as significações culturais e sociais das cibertecnologias no fim dos anos 90. Após o ano 2000, criação da realidade virtual e tradução do conteúdo das antigas mídias (telefone, televisão, rádio, etc) para o ciberespaço, devendo as implicações culturais serem sempre reavaliadas.

A Tecnologia é Determinante ou Condicionante?


Favorece a evolução geral da civilização, onde a técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade está condicionada por suas técnicas e não determinada. A exemplo temos o estribo que permitiu, mas não foi a causa do capitalismo. Pode-se dizer que as técnicas abrangem algumas possibilidades onde, algumas culturas ou sociedades não poderiam ser pensadas sem sua presença. A multiplicidade de fatores e agentes não permite cálculos de efeitos deterministas.
Uma técnica não é boa, nem má e nem neutra, pois depende de conceitos, usos, pontos de vista. Não se avalia o impacto, e sim as conseqüências do uso ou não na formulação de projetos. Há sempre uma indeterminação das técnicas, onde sempre aparecem novas criações, forças, formas se sobrepondo uma sobre a outra. Os BBS, programas que sustentam comunidades virtuais, dos hipertextos, da word wide web, são criações nascidas de espíritos visionários, movimentos sociais e práticas de base vindo como tomadas de decisões.

A Aceleração das Alterações Técnicas e A Inteligência Coletiva


A velocidade de transformações é uma constantes paradoxal da cibercultura, explicando parcialmente a sensação de impacto no movimento contemporâneo das técnicas. A mudança na posição para as classes sociais que não participam da produção, a criação de novos instrumentos digitais, parece ameaçador. A aceleração das transformações é tão forte e diversa que ninguém pode participar ativamente dela.
O processo social, a atividade dos outros retorna para os indivíduos sob a máscara estrangeira, inumana, da técnica. Para os impactos negativos, seria incriminar a organização do trabalho, as relações dominantes e os fenômenos sociais. Quando são positivos, a técnica não é responsável pelo sucesso., mas sim, quem as conceberam e executaram.
Quanto mais rápida é a alteração técnica, mais se parece estranha, vinda do exterior. Quanto mais os processos de inteligência coletiva se desenvolvem, melhor a apropriação por indivíduos e grupos e menores os efeitos de exclusão resultantes da aceleração do movimento tecno-social. A rede assim, se torna muito utilizada no desenvolvimento de sistemas e comunicação coletiva.

A Inteligência Coletiva, Veneno e Remédio da Cibercultura


A automanutenção da revolução das redes digitais está ligada a história da cibercultura, do ciberespaço. O crescimento do ciberespaço, fornece a inteligência coletiva, um ambiente próprio para seu desenvolvimento. Surgem diversos tipos de formas das redes digitais; o isolamento e sobrecarga cognitiva, dependência, dominação, exploração e bobagem coletiva (televisão interativa). Aqueles que não entram no ciclo positivo da alteração, aceleração da cibercultura, tendem a ficar excluídos.
A inteligência coletiva constitui um dos melhores remédios desestabilizantes, excludente da mutação técnica, mas trabalha para aceleração dessa mutação., ou seja, se torna veneno para quem não participa e remédio para quem mergulha em seus turbilhões.

BIBLIOGRAFIA:


LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: ed.34, 1999. 264p. (Coleção Trans)

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